, , ,

Volta Pra Cuba- Parte 6- Plaza de la Revolución - De históricos discursos a visita de Obama

14:47

Memorial  José Marti, localizado na Praça da Revolução. (David C. Fugazza)
Essa semana, as luzes se voltaram para Cuba, o país é manchete em todos os jornais ao redor do mundo. O motivo, a visita de um presidente estadunidense depois de 88 anos. 

É um fato assustador, se pensarmos que Havana está a aproximadamente 130 km do país norte americano e que há um bloqueio econômico e financeiro da maior potência do mundo, contra a Ilha, há pelo menos meio século.

Bloqueio esse, responsável por todo atraso ao país e que veio com o objetivo de minar o sucesso da Revolução Cubana.
Famosa imagem de Che Guevara, muito procurada pelos turistas (David C. Fugazza)

Um dos lugares visitados pelo presidente Barack Obama foi a Praça da Revolução. Ponto turístico obrigatório, o local é conhecido por ter as enormes imagens dos comandantes Ernesto Che Guevara e Camilo Cienfuegos.
Nessa gigantesca praça se encontram o Ministério das Comunicações, Ministério do Interior, o Memorial José Marti e também o Palácio da Revolução, sede do governo cubano e local marcado para o encontro com o Raul Castro.

Essa praça foi marcada por importantes discursos políticos, principalmente de Fidel Castro. Milhões de cubanos se aglomeravam para ouvi-lo falar, principalmente, nas festividades de 1º de maio, Dia do Trabalho. O Papa Francisco também usou a praça, durante sua visita, em 2015.

Praça da Revolução, nos dias atuais, imagens dos revolucionários Che e Cienfuegos (David C. Gugazza)
Esse foi o meu primeiro destino, local onde pude fazer algumas fotos e onde a ficha realmente caiu. Foi lá que eu me dei conta que estava em Cuba, realizando um sonho. 

Aquelas imagens, que eu só havia tido contato através da internet, estavam diante dos meus olhos.  
Foto da Praça da Revolução nos discursos de 1º de maio. (David C. Fugazza)
Algumas pessoas passam por ali, tiram fotos nas imagens e vão embora. Vale muito a pena conhecer o museu de José Marti.  Um local digno, da história do grande herói cubano e mentor intelectual da revolução.  

A entrada no museu custa 4 CUC’s, foi nele que tive uma das minhas primeiras conversas com cubanos. O funcionário do museu que controla a entrada era um rapaz de uns 45 anos e que vestia uma camiseta do Che.

Entrado do Museu José Marti, herói e mentor intelectual da Revolução Cubana. (David C. Fugazza)
Além de me explicar um pouco sobre o País, ele fez algumas perguntas sobre o Brasil, uma em especial me deixou intrigado.

Os cubanos acompanham algumas produções brasileiras, a dúvida dele era, se as favelas que aparecem nas novelas e a violência mostrada no filme “Cidade de Deus”, do diretor Fernando Meirelles, em 2002, eram verdadeiras ou mera ficção.  

"Em nosso país você pode andar sem preocupação a qualquer hora do dia", falou.
Após confirmar o fato, ele fez questão de explicar que Cuba é um lugar muito seguro e que ali não acontecia esse tipo de situação. Nessa hora, ele parou de falar, pensou por alguns segundos e disse que o País dele era muito bom, que tudo que eles passaram, tinha valido a pena, pela segurança que os filhos deles têm em Cuba.  

Foi a primeira de muitas pessoas que disseram, que eu poderia andar a qualquer hora por qualquer lugar, sem maiores problemas.  Fato que constatei, nos outros 14 dias.

Eu podia ver nos olhos daquele homem, que apesar de não terem bens materiais caros, eles tinham o que realmente importava.

Esse meu primeiro dia foi intenso, após esse choque de história fui conhecer um ponto de encontro do povo cubano, o malécon.
Malecón as 6hs da manhã. (David C. Fugazza)
Malecon é uma espécie de calçadão, com 8 km na costa de Havana e que foi construído para proteger a cidade do mar. Hoje é ponto de encontro de jovens e adultos, que utilizam o local para beber, conversar, fazer música, namorar e tentar faturar alguma coisa, seja com a venda de alimentos, ou até mesmo sua arte.

Foi nesse passeio, que encontrei um festival de estudantes, onde havia apresentações culturais de diversas partes do mundo. Nesse festival conheci muitos estudantes de medicina e descobri que há muitos africanos estudando por lá. 
Durante alguns dias, as ondas invadem o calçadão. (David C. Fugazza)
Uma dessas estudantes era de Cabo Verde e ela me deixou feliz quando citou Djavan, como um dos músicos brasileiros que ela conhecia e gostava. E quando eu falei do forró, ela logo cantou um trecho da música do Falamansa. Nessa hora pensei. “Ufa, existe música brasileira, boa, no exterior”.

Nesse encontro vi como os cubanos são animados, como gostam de dançar salsa e como são receptivos.


Pude conversar com diversos outros estudantes de medicina e foi através deles que conheci a famosa bebida “Cuba Livre”, que faz jus ao nome, uma vez que é feito da bebida símbolo do país, o rum e por ser muito consumida entre eles.

Conheci também um vendedor de salgados, que ao saber que eu era brasileiro me chamou para jogar futebol e me deu alguns dos seus produtos para provar.
Foi em malecón que um rapaz me abordou e fez algumas perguntas diferentes sobre o nosso país.

A principal dúvida dele era sobre a religião no Brasil. Quando respondi que os católicos e evangélicos eram grande maioria, ele se assustou. O homem acreditava que assim como em Cuba, a maioria era adepta das religiões afros.
Colares que representam as divindades da religião afro, a Santeria. (David C. Fugazza) 
Na ilha caribenha a principal delas é a Santeria, que se assemelha com a Umbanda, no Brasil. É comum vê-los usando os Elekes, que são colares que indicam pela cor, qual a divindade que eles são adeptos. 
O maior susto desse homem foi quando eu falei do preconceito que as pessoas têm com esse tipo de religião. Ele ainda fez uma leitura do meu nome e disse que tenho um bom espírito.

Já era noite e eu não conseguia voltar para a casa, queria vivenciar ao máximo aqueles acontecimentos. O festival chegou ao fim com um show da banda sensação entre os estudantes, a Buena Fé, que canta basicamente música romântica.

Foi também em Malecon que fui abordado por algumas pessoas simpáticas, que no fundo queriam vender algo ou pedir um trocado.  Fatos que ocorrem no mundo todo.

Esse foi apenas o primeiro dia da aventura que promete muito mais.

VOCÊ PODE GOSTAR TAMBÉM

0 comentários

Subscribe and Follow

SUBSCRIBE NEWSLETTER

Get an email of every new post! We'll never share your address.